Descarbonização no Mercado de Energia

Em 2015, no Acordo de Paris sobre a Mudança do Clima, as nações comprometeram-se a adotar medidas de redução de emissão de gases de efeito estufa a partir de 2020. O Brasil foi um dos países signatários e em 2016 seu Congresso ratificou o compromisso com a descarbonização.

Trazendo o tema para o campo da geração de energia, o Brasil, graças à abundância de fontes de energia renováveis, é um grande protagonista. Seu complexo gerador está na vanguarda, servindo de exemplo para os países que assumiram o compromisso de reduzir as emissões de carbono de suas matrizes energéticas.

O Brasil, atualmente, tem 83% de sua matriz elétrica originada de fontes renováveis de acordo com dados disponibilizados pelo Ministério de Minas e Energia. No volume de geração renovável temos a contribuição das fontes hidrelétricas (63,8%), seguida de eólica (9,3%), biomassa e biogás (8,9%) e solar centralizada (1,4%).

A pauta da descarbonização é necessária pois os combustíveis fósseis, além de serem recursos limitados, tem relação direta com a mudança climática global. Virar essa chave permitirá a redução da emissão de gases de efeito estufa e do desequilíbrio promovido pela humanidade no planeta.

Fontes alternativas de geração

Com a evolução técnica nos processos de geração renovável foram desenvolvidas inúmeras alternativas, dentre as quais se destacam as fontes eólicas e solar.

A energia solar, em especial, vem gradativamente se tornando uma fonte barata e sua implantação tem acontecido por pulverização e impulsionando a geração distribuída, descentralizando o sistema elétrico.

A pulverização é possível pois a tecnologia pode ser implantada tanto em pequenos projetos quanto em grandes complexos geradores, dessa forma, atrai investimentos desde os pequenos aos grandes empreendedores, em diversos locais e circunstâncias.

O Brasil já superou a marca de 5 GW de capacidade de geração no Brasil em Março de 2021. Outro número interessante disponibilizado pelo Portal Solar é que investimentos na energia solar distribuída já superaram R$ 4,8 bilhões.

Já as fontes de energia eólica dependerem de investimento em projetos de engenharia, custos logísticos, custos de conexão e com infra estrutura, comumente vem sendo implantados no formato de complexo de geração e são estabelecidos nas localidades com melhores regime de vento.

Transição de matriz energética

Analisando os dados públicos da IEA (International Energy Agency) sobre a matriz elétrica mundial, vemos que os as fontes renováveis representam apenas 26%.

Com a geração mundial predominantemente com base no carbono, as economias não conseguem simplesmente anular as emissões sem uma fonte alternativa instalada. A alternativa para redução dos emissões está no uso de fontes menos poluentes, assim tem sido observado a expansão da utilização do gás natural em detrimento do uso do carvão mineral e derivados do petróleo.

Nesse contexto, o Gás natural se configurou como o combustível de transição do processo de descarbonização. Ele permitirá que gradativamente as fontes renováveis sejam instaladas e ganhem espaço.

Perspectivas para o futuro

A geração com fontes renováveis está em inevitável expansão para o desenvolvimento do novo modelo político econômico de baixo carbono. As fontes eólica e solar são os dois grandes braços dessa mudança.

A geração eólica tende a se manter centralizada e o processo de pulverização da energia solar persistirá, impulsionando a descentralização do sistema elétrico. O processo fortalecerá a geração distribuída e exigindo o fortalecimento regulatório sobre a modalidade de geração, principalmente sobre o relacionamento entre os agentes.

A descarbonização virá acompanhada de outros dois D’s, o D de descentralização e D de digitalização. Podemos esperar evolução e mudanças no mercado de distribuição de energia elétrica com constantes movimentos de aprimoramento regulatório do Setor Elétrico Brasileiro. Em breve exporemos os dois D’s restantes compreendendo suas relações com o compromisso global com a redução do desequilíbrio ambiental.