Desde o final de 2019, o Ibama vinha solicitando mensalmente a alteração da vazão de água liberada pela usina de Belo Monte para a Volta Grande do Xingu, antigo percurso natural do rio. O argumento do instituto era de que a vazão liberada pela Norte Energia, dona da UHE Belo Monte, no TVR (Trecho de Vazão Reduzida), estava sendo insuficiente para garantir a reprodução da fauna aquática, a manutenção das florestas e dos modos de vida dos moradores indígenas e ribeirinhos.
Uma vez que a usina libera mais água para o TVR, menos água fica disponível para a geração de energia. Neste período do ano, a usina de Belo Monte é de extrema importância para o suprimento energético do sistema. Com a redução da geração, fez-se necessário o acionamento de usinas térmicas, o que gerou um custo adicional estimado de R$ 1,3 bilhão, apenas em janeiro e fevereiro deste ano.
No dia 8 de fevereiro deste ano, o Ibama e a Norte Energia chegaram em um acordo, no qual o consórcio se compromete em investir cerca de R$ 157 milhões, nos próximos 3 anos, em medidas de mitigação para a conservação do meio ambiente e dos modos de vida das populações da Volta Grande do Xingu. Dessa forma, a usina que, no começo do ano pretendia operar com o Hidrograma de Vazões A, passará a operar com o Hidrograma B. O gráfico abaixo apresenta os hidrogramas A e B, além do determinado pelo Ibama em janeiro e fevereiro.
Em janeiro e fevereiro, a vazão efetivamente liberada pela usina para o TVR foi muito maior que ambos os hidrogramas, conforme demanda do Ibama. Com o acordo, já em março deste ano, a vazão liberada será a do Hidrograma B, que é maior que a do Hidrograma A, mas bem menor que a vazão que o Ibama vinha pedindo.
O setor elétrico se vê mais aliviado com essa decisão, uma vez que os custos decorrentes da baixa geração de Belo Monte eram arcados pelos agentes via preços ou encargos.