Como os parâmetros do modelo podem influenciar na formação do PLD?

O PLD, que é o preço utilizado para valorar a energia liquidada mensalmente na CCEE e também é o valor referência para as negociações de curto prazo, é oriundo de um modelo matemático de otimização. 

Esse modelo tem como objetivo a garantia do bom uso da água dos reservatórios, não só hoje, mas no futuro.

De maneira simplificada, a lógica do modelo é evitar tanto a sobra de energia (vertimento dos reservatórios), quanto a falta de energia (racionamento), controlando a utilização das usinas hídricas. 

Para efetuar esse cálculo de otimização, o modelo adota diversas premissas como projeção de cargas, projeção de chuvas, evaporação dos reservatórios, geração das fontes renováveis etc. 

Alguns parâmetros são inseridos para garantir uma aversão ao risco, como os dois descritos abaixo:

  • CVaR: mecanismo que busca dar maior importância aos cenários hidrológicos mais críticos no cálculo da política de operação.
  • VminOP: volume mínimo operativo dos reservatórios equivalentes do SIN.

Esses dois parâmetros, quando intensificados, aumentam o preço da energia, uma vez que o modelo utiliza menos geração hídrica no seu despacho com o intuito de assegurar água para o futuro.

Em junho deste ano, o Ministério de Minas e Energia abriu uma Consulta Pública para coletar contribuições dos agentes com relação a alguns aprimoramentos propostos para o modelo de formação de preço. 

Esses aprimoramentos têm como finalidade principal aproximar a operação e a precificação do sistema com a realidade. Dentre esses aprimoramentos, está a revisão dos parâmetros CVaR e VminOP.

As mudanças propostas pela CPAMP (Comissão Permanente para Análise de Metodologias e programas Computacionais do Setor Elétrico), órgão responsável pela integração das metodologias computacionais utilizadas no setor elétrico pelos agentes, com relação aos dois parâmetros citados acima, tornariam o modelo mais pessimista e avesso ao risco, o que leva a dois resultados interessantes:

  • PLD: sendo mais pessimista, o modelo espera menos chuvas para o futuro, o que o faz utilizar mais térmicas no presente. Isso resulta em um aumento do PLD;
  • ESS: o custo de acionamento dessas usinas térmicas, uma vez que estará refletida no preço, não cairá sobre os Encargos de Serviços do Sistema. Isso resulta em uma redução do ESS.

A comissão precisa aprovar tais mudanças até o dia 31 de julho deste ano para que elas tenham efeito já em janeiro de 2022, daqui 6 meses. 

Caso aprovadas, o que pode acontecer, se o preço não estiver no teto, é um aumento repentino do PLD de dez/21 para jan/22, mesmo que as expectativas de chuva e carga permaneçam as mesmas.

Analisando as contribuições enviadas pelos agentes, muitos se colocaram a favor de alguns pontos e contra outros. 

Caso a CPAMP siga as opiniões dos agentes, mesmo que ela não altere todos os pontos propostos, o preço e a operação estarão mais aderentes à realidade já em 2022!